Mensagem do Presidente pelo 73º Aniversário da ADESG, ocorrido em 07 Dez 2024

Cel Ref Aer Antonio Celente Videira

A Guerra Fria inicia em 1947, com a Doutrina TRUMAN e vai até o final dos anos 80 e início dos anos 90. Foi um período de temor, pois a ameaça de um conflito nuclear era iminente. A guerra cinética se fazia presente nos quatro cantos do Planeta. As guerras da Coreia e do Vietnam, o Conflito das Malvinas, a duas invasões do Iraque e tantas outras que enriqueceram os estudos da Polemologia.
Em 1949, é criada a Escola Superior de Guerra (ESG), para em 1950 eclodir o primeiro Curso Superior de Guerra (CSG). Em 07 de dezembro de 1951, é concebida e constituída a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG), com o objetivo de congregar os diplomados da ESG e os dos seus Cursos de Estudos de Política e Estratégia (CEPE) das Delegacias e Representações, bem como outros correlacionados, a fim de vivificar a solidariedade entre seus integrantes. Na verdade, é um centro emoldurador do pensamento político nacional, a impregnar o sentimento patriótico naqueles que se propõem a participar de suas atividades acadêmicas.
A Guerra Fria foi uma relação conflituosa que marcou a conexão entre nações, principalmente de potências, a partir da metade do século passado. Os conteúdos estratégicos dos centros de altos estudos eram focados na cultura das guerras da Era Industrial, tendo o aço tomado protagonismo nos artefatos de combate, e nos meios logísticos, como por exemplo, a ferrovia, a blindagem naval e de carros de combate, as armas de cano raiado e outros tantos engenhos que suportavam a refega de choques entre combatentes.

No Brasil, vivia-se outro tipo de embate, em que a política era marcada pela rivalidade por correntes ideológicas definidas. A ADESG presenciou a todos, e os acompanhou como análise acadêmica. Os acontecimentos de 1954, com o suicídio do Presidente GETÚLIO VARGAS, a de 1955, com a Novembrada que garantiu a posse de JUSCELINO KUBITSCHECK, a de 1961, com a renúncia do Presidente JÂNIO QUADROS, a de 1964, com a Revolução Democrática Cívico-Militar, a de 1983/1984, com a eclosão das Diretas Já, a redemocratização do País com a constituinte e o devido sancionamento da constituição de 1988 e o processo de impeachment de FERNANDO COLLOR, em 1992. Nos dias atuais, presencia, com muita atenção, a crise política em vigor.
Hoje, a conflagração é outra. A guerra pós-industrial se apropriou do conflito híbrido, com suas artimanhas em que os derrotados de ontem apoderaram-se de outros meios pelos quais as novas armas, traduzidas na mercantilização cultural e na saturação midiática sequestraram as novas gerações. A cantilena ideológica trouxe para si adeptos que abandonaram valores e tradições dos nossos antepassados.
O fulcro da arena sai do teatro de operações, com a exploração da melhor posição no terreno, para ocupar as redações dos jornais e emissoras de grande porte, com penetração nos recintos domésticos. A onda do glamoroso toma conta do cenário regional e mundial, alterando, de forma impactante, comportamentos tradicionais, refletindo na família, na religião e na educação. O certo passou a ser errado, e este vem se consagrando como palavra de ordem, por meio de uma juristocracia reguladora imposta, principalmente, no Ocidente.
Diante desse cenário, o País passa por momentos difíceis, com forte polarização entre irmãos, com intensa desarmonização, diante de injustiças praticadas em todos sentidos.
Esse é o novo confronto estabelecido, e que requer o emprego de novas táticas. A guerra agora é híbrida, com a combinação de diversos métodos de combate, utilizando-se ainda, evidentemente, a refrega corpo a corpo, mas imperando, agora, a propaganda produzida, em que a desinformação e a ciberguerra é praticada, influindo no espaço físico e virtual. Por isso, enxerga-se que a ADESG de hoje, na época das narrativas, ser mais importante do que no período da Guerra Fria, pois seu método pedagógico elucidativo, funcionando como uma trincheira invisível, se contrapõe a certas inverdades por atuar em “corações e mentes”. O binômio “corações e mentes” nada mais é do que “estudar o Brasil para melhor servi-lo”. Esse é o mote principal da ADESG aplicado em seus métodos de ensino.

Os estrategistas estão considerando toda essa evolução na Polemologia, e dentro desse espectro, a ADESG torna-se essencial na sua conduta educadora formatadora da personalidade do cidadão. O robustecimento da atuação adesguiana, nos dias atuais, tem amenizado ações predatórias da política nefasta da nova ordem social. O fato de preparar assessores de alto nível, possibilitando influenciar executivos em funções relevantes, coloca a ADESG em patamar proeminente, tornando-se em inestimável mecanismo, para o aperfeiçoamento de recursos humanos voltados à vida nacional.
É bom que se diga que a ADESG atua sem vinculações com partidos políticos, entidades, grupos, associações ou organizações de qualquer natureza, porém seus associados têm liberdade em professar a corrente política que julgue melhor para o País. É um think thank propiciador dos estudos acadêmicos produzidos na ESG, estabelecendo a conexão de conhecimentos e diretrizes públicas, visando o bem comum.
Ao terminar o ano de 2024, promoveu 16 (dezesseis) cursos regulares e 04 (quatro) seminários em 20(vinte) cidades do País, alcançando aproximadamente 600(seiscentos) cidadãos, prontos para o exercício funcional em órgãos públicos e privados. Destrava um período negro de estagnação sobre o estudo do Poder no Nordeste, propiciando assim o recrudescimento, já em algumas capitais daquela região, de CEPEs, seminários, painéis e palestras. Com isso, adentra o seu septuagésimo terceiro aniversário com perspectivas em ampliar essa marca, visto que almeja dotar, cada vez mais, os meios humanos de saberes, para entender a política nacional, assim como capacitar os mesmos para os desafios globais da Nação.
Por fim, ao completar mais uma primavera, cabe agradecer ao Comando da Escola Superior de Guerra, nossa mãe, aos abnegados Diretores, Assessores e Funcionários por tudo que têm emprestado de serviço à nossa instituição. Aos Conselhos Superior e Fiscal externo nosso reconhecimento pelas sábias orientações ao longo deste ano que se finda. Concluo prestando minha continência aos Delegados(as) e Chefes de Representações espalhados no Território Pátrio. Os senhores e senhoras são esteio de uma instituição que marca a vida nacional e os novos tempos. É uma honra ladear homens e mulheres que contribuem com o progresso da Nação em todos sentidos. Canto hosanas por estar inserido no bravo enredo da Associação ombreado com vocês.
Que Deus abençoe os destinos da ADESG em mais um ano de sua existência.
UM SÓ CORAÇÃO E UMA SÓ UMA SÓ ALMA PELO BRASIL
ANTONIO CELENTE VIDEIRA – Cel. Ref. Aer
Presidente ADESG